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Exposição Aquarello

O Shopping Pátio Iporanga recebe, de 14 a 29 de junho, a exposição Aquarello: Impressionantes e delicadas imagens, resultado do registro apaixonado da fotógrafa Sandra Santos, que alia técnica e sensibilidade para captar emoção e vida em cada obra.
 
Os visitantes poderão conferir o trabalho da artista, com curadoria de Luis Otávio Pinheiro, no primeiro piso do shopping, de 2a a sábado das 10 às 22h e aos domingos das 12 às 22h.
 
O Shopping Pátio Iporanga fica na Av. Ana Costa, 465 - Gonzaga.
 
 
SANDRA SANTOS,  por Beatriz Rota-Rossi.
 
Tive o privilégio de apresentar a edição de seu livro "Todos os poros"  no ano de 2004, quando  lembro ter imaginado a fotógrafa imóvel, refletiva perante a superfície das pedras  que pareciam desafiá-la : "desvenda-nos".
Hoje, a mesma incitação parte da água. De "Todos os Poros" passando por mais 2 exposições “VERTENTES”  E  MANTIQUEIRA,  percebe-se o caminhar de investigações profundas sobre a matéria plástica que forma a arte da fotografia. E é na observação da água plasmada nessa matéria que Sandra realiza a exposição AQUARELLO.  Longe de modismos em épocas em que tudo o que se apresenta como novo― na tecnologia, na ciência e na própria arte ―  morre  sepultado por algo mais novo ainda, Sandra nos mostra uma obra clássica.
 
Clássica no sentido da acertada definição que diz: "clássica é a obra que no passar dos tempos conserva uma juventude inesperada".
Estamos perante uma mostra líquida.
 
Líquida, não aquática, já que não são os habitantes da água que interessam à autora, mas o meio água e sua luxuosa riqueza de tons, luzes e sombras, espelhamentos,  vazios ondulados pelo vento― este último, personagem de presença sutil, mas imprescindível para os desenhos caprichosos   que  a câmara capta.  Água e vento dois elementares que se coadunam para fazer vibrar as cores espetaculares das imagens.
Um universo concreto de escadas, chapas, prédios, navios, encostas que ondulam com sua presença misteriosa pela sua identidade irreconhecível e,  no entanto, evidente.
Está ali o Puerto Madero de Buenos Aires com seus guindastes, edifícios e escadas que dançam na água que com o vento palpita em ondas, mapa orientador de uma nova realidade.
Tudo é sutil e fluido, sensual até, mas ao bom observador não passa despercebido o esforço realizado pelo rigoroso  raciocínio da artista. É nesse sentido que vemos o encontro  providencial da autora com Helio Oiticica em Inhotim, Minas Gerais, onde ela teve a oportunidade de se deparar com um dos "Penetráveis' do Hélio  uma das obras póstumas dos "Magic Squares".
 
 Na obra de Oiticica está presente o trabalho de ocupação do espaço verde através da cor. Concretismo ao qual Sandra respeitosamente  faz referência em duas fotografias também concretas. Deste encontro, nascem  belíssimas imagens que Sandra plasma com sua câmara . Adivinharia Hélio que sua obra refletida na água  daria lugar a outras, trêmulas  de ondulações em faixas quentes e frias onde  até a grama, tão cara ao Helio, é sugerida?
Não posso fazer a menos de sorrir diante  de uma imagem onde uma  faixa de cor é abruptamente interrompida em sua dança pela interferência da queda de um seixo, no lugar exato, no momento exato para formar um círculo, e surpreender a composição. Sorrio porque lembro de Sandra adolescente, intensa e lógica e vejo com prazer que nada de ótimo se perdeu em sua caminhada, que o tempo só lhe acrescentou abundância de espírito criativo.
Diante da obra de Sandra lembro Monet e sua catedral de Rouen,  na qual observava como a luz podia adensar ou esfarinhar formas.  Sandra liquidifica o denso e adensa a cor com real maestria.
Uma exposição que deve ser vista. Embarcar nessa viagem  que a artista nos propõe será, sem dúvida, uma rica experiência.
 

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